Meu mundo é um
quarto escuro
de uma única
mobília
Alguns entram,
E logo se
impacientam
não dá pra ver nada
Desistem
e saem.
Outros tentam chegar
Escorando pelas
paredes
Adiantam-se até a metade
Mas voltam
e na saída
e na saída
deixam jogados nalgum canto
algo do qual desejavam há tempos
se desfazer
[ninguém
vem aqui mesmo]
Estou no canto
oposto
Mas ocupo quase
todo o espaço
Aqueles que em mim
Com furor,
adentram
Ferem-se nas
minhas quinas
E saem do cômodo
praguejando
- estúpida!
Mas ainda
há
poucos insistentes
tateiam-me
carinhosa e
vagarosa
Não se assustam
com as pontas
E surpreendem-se
com os vértices
arredondados
de minha
alma.
Depois de um tempo
Eles querem
Me puxar para a
porta
E inerte, resisto
Sou pesada
Permaneço naquele
canto
E também eles vão
embora
Sem antes
descobrirem
Meu coração macio
Reservado àquele
que conseguir
Amar mais a minha
noite
Do que o dia dos
demais.
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