sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

fotossensibilidade

Meu mundo é um quarto escuro
de uma única mobília
Alguns entram,
E logo se impacientam
não dá pra ver nada
                                    Desistem e saem.
Outros tentam chegar
Escorando pelas paredes
            Adiantam-se até a metade
Mas voltam 
e na saída
            deixam jogados nalgum canto
            algo do qual desejavam há tempos
                        se desfazer
                                               [ninguém vem aqui mesmo]
Estou no canto oposto
Mas ocupo quase todo o espaço
Aqueles que em mim
Com furor, adentram
Ferem-se nas minhas quinas
E saem do cômodo praguejando
            - estúpida!
Mas ainda
há poucos insistentes
tateiam-me carinhosa e
vagarosa
Não se assustam com as pontas
E surpreendem-se com os vértices
arredondados
de minha
alma.
Depois de um tempo
Eles querem
Me puxar para a porta
E inerte, resisto
            Sou pesada
Permaneço naquele canto
E também eles vão embora
Sem antes descobrirem
Meu coração macio
Reservado àquele que conseguir
Amar mais a minha noite

Do que o dia dos demais.

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