domingo, 21 de julho de 2013

3ª carta






Se algum dia nos reencontrarmos em outra vida, por favor, seja minha vizinha de porta, venha morar ao meu lado ou coloque um anúncio procurando uma colega de quarto no jornal que eu tenha o hábito de ler.

Se algum dia nos esbarrarmos novamente, sorria quando por mim passar que somente pelo seu sorriso eu a reconhecerei do tempo que vivemos agora e darei um jeito de te chamar de volta, de caminhar ao seu lado, de tomarmos um café.

Se noutra época sentarmos ao lado uma da outra num ônibus, metrô ou avião, tomara que a bateria de nossos celulares ou qualquer aparelho de distração esteja esgotada e que você, sem perceber, descanse sua cabeça no meu colo quando cochilar. Tomara que ao desembarcarmos, achemos graça na aparente coincidência de termos como destino o mesmo quarteirão.

Caso você cruze meu caminho em outro momento, não me ache brega demais por eu continuar sendo tão apaixonada quanto hoje e nem tenha se desiludido com as pessoas o suficiente para desacreditar nas minhas palavras quando eu lhe revelar que "parece que eu te conheço de outra vida".

Se Deus não entender pelo nosso reencontro, que Ele tenha o cuidado de reunir no seu presente a felicidade que ele reservou para todos os meus dias, mas se Ele optar pelo contrário, rogo para que você fique e que eu envelheça ao seu lado, porque te perder seria muita covardia.

Cometo o abuso de te pedir que, se noutra história estivermos juntas, você não me tire dos seus braços e me proteja de tudo que poderia colocar fim àquela vida, onde seus beijos são meu sopro de alegria, são meu pão de cada dia. Me agarre forte e nunca mais me solte.

Mas caso assim não o seja, já lhe asseguro que você não desaparecerá - não você, que em tudo está. Caso eu não volte a te abraçar, naquela outra vida você simplesmente existirá para mim sob outra forma, anatômica ou celestial, ocupando todo o meu coração ou ouvindo as preces que falam sobre o amor infinito que sinto por um anjo.

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