segunda-feira, 6 de maio de 2013

pressa e espera

Já é esperado por mim todas as noites somente conseguir dormir depois de muito tempo rolando na cama, desgastando pensamentos sobre você, mas que pelos devaneios da mente transportam-se para coisas aleatórias e depois voltam ao ponto de partida. Não digo que me acostumei com isso porque é incômodo e às vezes acompanha-me uma dor de cabeça, que não trato com remédio pra não me acostumar a este hábito ruim, mas também não é insuportável, pois é o momento que estou mais perto daí. Não são raras, mas em menor proporção, noites que deito na cama e durmo após rezar... algum dia ainda serão mais frequentes.

Enfim, fato é que a insônia me visitava antes como agora, mas daquelas vezes era porque eu esperava algum sinal, policiava meu telefone para não deixar passar alguma mensagem ou ligação que viesse de você. Eu acreditava que lhe atenderia e escutaria "amor, tô com saudade, quero voltar". Hoje, não nego que ainda me pego nesses sonhos, tão distantes quanto estamos agora, mas a consciência solidifica-se cada vez mais e o afastamento em que estamos, crescente, briga com minhas esperanças, as estapeia e as acua num cantinho escuro aqui dentro. Não mais verifico meu celular nem minha caixa de e-mail com frequência, não vislumbro qualquer manifestação sua, sequer faço ideia se você lê o que aqui escrevo. Cada vez mais estou familiarizada  com a melancolia que a realidade sem você inevitavelmente proporciona.

Não nego que a tudo nos acostumamos e eu não sou diferentemente adaptável. Arrumamos mecanismos para nos distrair e comigo não seria exceção. Mas isso em nada significa que sua falta perde espaço ou diminui, somente que eu te revivo na cabeça de formas diferentes e justamente devido a essa aceitação, quando você reaparece de súbito, nalguma lembrança, meu coração aperta como se o espaço em que ele está encaixado de repente diminuísse. Tento parar, me acalmar e seguir estudando, ou vendo o filme, ou fingindo prestar atenção na fala do meu interlocutor.

Eu não sei o que se passa na sua vida, não sei o que aconteceu no episódio do assalto e não me abalei por você ter ignorado minha preocupação; não sei com quem você tem feito suas coisas e muito menos quais são seus planos. Eu não tenho nada de você, nenhum retorno, não percebo nenhum sinal vindo de sua parte e não acho que você está errada em assim agir, pois não é mais sua vontade me manter em sua vida. O que eu não sabia era que poderia amar alguém a este ponto, desta forma e força; não me sinto tola por isso, tão somente sincera com o que há aqui dentro e um tanto quanto resignada. Perder é a única coisa que nos faz humanos; cada vez me conheço mais internamente e que assim continue, até estar pronta para dar o próximo passo, ainda que seja de tartaruga, ainda que eu vá meio centímetro adiante no mesmo intervalo que você se distancia mil quilômetros de mim.

Por mais uma noite eu vou te mandar meu amor da maneira que posso, pelas palavras daqui e pelas preces dos levianos que somente se lembram de Deus nas desgraças. Mais um dia se passa e você esteve mais presente em mim do que qualquer outra pessoa de meu convívio, mais uma noite se passará em que eu temerei acordar e de encarar o vazio que é perceber que você se foi. Dói estar tão longe, dói tudo cada vez mais ter sido como um devaneio vivido por meses, que guardou uma felicidade agora inatingível. Mas, apesar da dor que acompanhou meu despertar, embora esse sonho tenha terminado, eu te trouxe  para a minha realidade, como se você soubesse transportar-se pelos planos; você, que se não é o amor desta minha vida, será de outra e talvez eu só tenha me apressado demais pra viver com você agora, por não aguentar de tanto amor que já sentia.

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