terça-feira, 14 de maio de 2013

you who are my home





Por uma única vez na minha vida eu experimentei de perto o amor. Não digo que o senti, porque este sentimento não está no passado, mas que o experimentei porque não mais o tenho perto para dar vazão a tudo que sinto por ele, para tocá-lo e protegê-lo.


Uma vez eu estive bem pertinho do amor, como nunca dantes estive. Eu o coloquei em meus braços e o acariciei até o sono vir visitá-lo; eu o vi acordar por muitos dias, amando-me e com os olhinhos semicerrados, parecendo dois filetes d'água. Cheguei a tocar o amor de inúmeras maneiras e ele me envolveu forte em seu peito. E eu lhe asseguro que nesta única vez que eu o senti muitas coisas na minha vida ganharam sentido.


Nós fomos a muitos lugares (mas não o suficiente para conhecer o mundo todo ao seu lado, como eu gostaria de ter feito) e nos divertíamos em qualquer calçada; nós passeamos e estes locais eram realmente interessantes, mas por mais intrigantes que fossem, nenhum fascínio ganhava quando nos lembrávamos que podíamos voltar pra casa e ali ficar, agarrados e em paz.


A vez que eu o tive, que estive com o amor, ele me encantou com as delicadezas mais sutis e com os carinhos mais infinitos; chegar perto dele me mostrou que eu nunca havia chegado tão próximo da felicidade, porque felicidade sem amor é somente contentamento. E eu fui cada vez me arredando para o seu lado, sem medo e sem receio, porque ele falava comigo, amável e doce, “Vem aqui, amor, fica perto!” e então meu riso rasgava meu rosto de uma porta a outra e meu coração, ah... o meu coração!


Eu vi o amor nas coisas mais simples do mundo: nas noites em que cãibra alguma resistia à vontade de dormirmos grudadas, nos dedos mindinhos enroscados furtivamente debaixo da almofada e no “Eu te amo” dito baixinho no meio do circo (porque espetáculo algum é capaz de adiar sua necessidade de amar). Perto dele, eu lembrei da vida passada e aprendi que prazeres podem até nos satisfazer por um tempo mínimo, mas que somente ser amada nos faz feliz.


Cada pessoa que eu amo - ela, meus pais, minhas irmãs e alguns poucos amigos, têm em meu coração uma casinha. Algumas têm fundações mais ou menos firmes e cada uma é diferente da outra. A casa onde ela morou, apesar de algumas tempestades e ventanias, ainda encontra-se de pé: os tijolinhos que a levantaram são muito fortes e seus pilares são de lealdade e respeito. Suas paredes são decoradas com quadros coloridos estampados de carinho, ternura e delicadeza. No único quarto – pequeno e aconchegante - há uma cama, cheia de cobertas grossas, clarinhas e limpas, onde ainda estão impressos nossos sonhos, e ela é banhada toda manhã pelo sol que entra pela janela ao lado, purificando-a de tudo que é ruim e esquentando aquele canto no qual ela dormia. Eu cuido desta casa não porque ela pediu, mas porque em amor que é abandonado nascem rachaduras que empobrecem o coração, desmoronam cantos que empoeiram a nossa alma e crescem ervas daninhas que poluem a cabeça com mágoas. Eu cuido desse amor porque ele é muito sólido pra desmoronar de uma hora pra outra e enquanto ele estiver altivo e firme, eu o quero bonito caso algum dia ela venha me visitar.


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